sexta-feira, 17 de abril de 2009

Incorporando Pollock

Logo de início, já estava julgando “esse cara é doente, coitado” ou “isso deve ser esquizofrenia”. Mas em seguida, estava logo me questionando porque eu o estava julgando daquela forma.

Assisti ao filme Pollock, que trata da vida do famoso pintor do expressionismo abstrato Jackson Pollock – artista este que se torna um personagem perturbador ao longo do filme, que dirá durante sua vida.

Perturbador e inquietante, pois incomoda. Ele em si já se torna um personagem abstrato, onde em certos momentos parece não fazer parte da sociedade, parece estar em outra dimensão. Porém, talvez em momentos de lucidez ou não, pois é durante suas bebedeiras que ele se torna “normal”, ele nos faz lembrar de que é um ser humano como todos os outros.

E é durante os momentos em que ele está sóbrio, que ele produz suas obras. E já que o expressionismo abstrato baseia-se no inconsciente, porque Pollock fugiria do uso de drogas para produzir, comum entre os surrealistas?

Talvez porque ele em si estivesse em estado inconsciente naturalmente. E na bebida se aproximasse da realidade que o cercava: com guerras, bombas, e mortes da II Guerra Mundial.

Porém, ele sofria, ele era um mortal ainda. E se expressava. Apesar das críticas, que o levavam à bebida, as obras eram parte dele, tornando-o incapaz de adequar sua obra ao que a sociedade chamava de arte.

Sua vida, sua personalidade, sua loucura e sua inconsciência nos inspiram, me inspiram. Justamente porque ele conseguia se expressar do jeito dele. E eu não. E acho que muita gente também se prende às formas, cores e conteúdo.

Ele parecia se misturar com os quadros dele. Não havia o esboço, o cavalete, o pincel, existia apenas ele e a obra, assim, natural. E viver esta experiência foi algo novo e muito interessante, para não dizer forte.

Não podia imaginar o quanto eu me sentiria bem numa situação em que eu não pudesse controlar minha pintura. Eu, que sempre busquei perfeccionismo e detalhes nos meus quadros, poder ter a oportunidade de jogar a tinta sobre um papel (ou tela) sem precisar me preocupar com o resultado foi algo libertador.

O resultado: ver pela primeira vez o meu “eu” expresso na minha obra.

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